Ana Jotta: A Liberdade da Criação e o Diálogo com a Casa São Roque

Ana Jotta é uma figura singular no panorama artístico contemporâneo. A sua obra, que se estende por técnicas tão diversas como pintura, escultura, instalação, fotografia e cerâmica, revela uma capacidade ímpar de ligar referências da história da arte com elementos da cultura popular e vernacular. Desde os anos 1980, Jotta constrói um percurso único, ganhando amplo reconhecimento nacional e, mais recentemente, internacional, especialmente pela sua abordagem crítica aos conceitos de autoria e originalidade.

Ana Jotta explora um território de liberdade criativa, utilizando suportes variados que incluem colagem, performance, bordado, vídeo, escrita, entre outros. A sua produção é marcada por uma ironia acutilante e uma diversidade heteróclita que desafia categorizações tradicionais, evidenciando a sua capacidade de transformar qualquer suporte ou objeto em arte.

Em 2019, Ana Jotta inaugurou a Casa São Roque – Centro de Arte Contemporânea com a exposição INVENTÓRIA, que examina o fenómeno das casas e dos ateliers de artistas – a relação entre o lugar onde a arte é feita e o lugar onde a vida é vivida. Jotta reverteu as expectativas, transformando o espaço num cenário que oscilava entre o amor vacui e o vazio, evocando uma atmosfera enigmática, quase cinematográfica. As suas intervenções site-specific dialogaram com a história do edifício, que transita de casa abandonada para um centro de arte contemporânea.

Agora, cinco anos depois, Ana Jotta regressa à Casa São Roque, no seu 5º aniversário, com a exposição Coleção Peter Meeker: Obras de 1982 – 2023. Entre as peças expostas está Peau d’Ana, uma série de doze desenhos realizados ao longo de 2019-2020, exibidos pela primeira vez neste espaço. A nova intervenção site-specific de Jotta na antiga garagem renova a sua conexão com a Casa, reafirmando a sua posição como uma das artistas mais irreverentes da sua geração.