Augusto Leal de Gouveia Pinto

Camélias com História: Augusto Leal de Gouveia Pinto (125 anos)

Esta notável camélia tem origem numa provável mutação ou sport da célebre Mathotiana, amplamente reconhecida pela sua beleza e valor ornamental. Foi desenvolvida por Augusto Leal de Gouveia Pinto na sua Quinta da Cheira, situada na aldeia de Godinhela, em Miranda do Corvo, Portugal. Após a morte do seu criador, passou a ser conhecida como “Leal” e foi comercializada pela Real Companhia Hortícola-Agrícola Portuense a partir de 1899, recebendo o nome do seu criador.

Este cultivar distingue-se por apresentar tanto a forma peónia quanto a forma dobrada formal, com uma paleta de cores diversificada. Entre as suas mutações, destacam-se exemplares de cor uniforme branca e vermelha, além de variações que combinam essas tonalidades com o tradicional rosa, em tons mais ou menos violáceos ou claros. Essa diversidade de características sugere que a planta foi provavelmente obtida por hibridação, e não por mutação. Augusto Leal era conhecido pelas suas experiências de cruzamento, o que reforça a hipótese de que a Mathotiana participou como dadora ou recetora de pólen, dando origem a uma semente que prosperou. O exemplar original ainda floresce no romântico jardim da Quinta da Cheira.

A Quinta, posteriormente herdada pelo arquiteto, pianista e compositor José Luís Tinoco, está associada a uma rica herança cultural. Tinoco, nascido em Leiria em 1932, destacou-se como autor de obras marcantes, como “No Teu Poema”, imortalizada por Carlos do Carmo, e foi vencedor do Festival da Canção em 1975 com “Madrugada”.

Internacionalmente, esta camélia integra as melhores coleções, tendo recebido o Diploma de Mérito da Royal Horticultural Society em 1958 e figurado entre as 200 plantas mais notáveis do mundo durante as comemorações do bicentenário da sociedade em 2004. A nível nacional, continua a conquistar primeiros lugares em exposições de camélias, sendo um símbolo de excelência e beleza.

A Casa São Roque oferece aos seus visitantes, a possibilidade de realizarem uma visita guiada às camélias centenárias (mediante agendamento), classificadas pelo professor Armando Oliveira e António Assunção, em março de 2019. Marque aqui a sua visita guiada às camélias centenárias.